No Brasil, a influência dos negros africanos foi marcante nas artes, nas manifestações folclóricas, na dança, na música, na ginga, na língua falada aqui e também em nossa mesa.
A culinária brasileira, uma expressão cultural, vem gradualmente reconhecendo os valores gastronômicos formadores da identidade do povo brasileiro. É o que leva, por exemplo, o Ofício das Baianas de Acarajé ter sido registrado como patrimônio imaterial no Livro dos Saberes, de 2005. O acarajé, uma massa de feijão fradinho, cebola e sal, frita em azeite de dendê, é uma das muitas iguarias de origem africana servidas nos terreiros.
A cozinha, sempre fervilhante, é o centro dos territórios simbólicos negros, é o local onde as mulheres se reúnem para preparar as diversas comidas oferecidas a divindades de paladar exigente, mas especialmente para comungar com toda a comunidade a oferta de pratos ricos em sabores, texturas, cores e odores que compõem a refeição comunal, chamada ajeum. Do iorubá, “jeun”, “comer” tem o significado de oferecer, compartilhar heranças, histórias, modos de viver.